terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Minha primeira briga na escola

Qual a coisa mais legal e emocionante do colégio? Claro, a boa e velha briga de alunos. Hoje vou contar como foi minha primeira interação rixosa no meio da quadra de esportes na hora do intervalo contra um garoto babaca da oitava série, hoje chamam de nono ano. Detalhe que eu estava na quinta série, sexto ano, quando eu era apenas um gordinho de onze anos.
Foto

Primeiramente eu gostaria de vos informar que eu não sou um cara violento nem gosto de brigas, eu prefiro muito mais uma humilhação verbal à uma troca de socos e pontapés, mesmo assim eu não desmereço a beleza da violência e carnificina hollywoodiana. Filmes violentos são muito atraentes pra mim, eu fico rindo demais nessas partes, só não me pergunte o porquê.

Eu sou muito quieto, diria até passivo em alguns sentidos, não sou de opinar na decisão alheia mesmo que eu não concorde, acho que isso é por causa do meu ideal libertário que me impede inconscientemente de ir lá e reprimir fulano por qualquer bobagem que ele tenha falado. Também nunca levantei a mão para atacar ninguém, violência para mim é algo perfeito para se defender, algo para se usar quando a racionalidade não funciona, algo que não cabe honra. É bonito ver que transformaram algo tão arcaico em arte e agora esporte, boxe, capoeira, judô...

Dito isso, você deve imaginar o que eu passei pra "ir pro tapa", era a expressão que usávamos naquela época. Você imaginou errado, na verdade o cara não fez muita coisa, acho que fui eu quem o irritou, ele estava muito irritado naquele dia, eu percebi e mesmo assim fui brincar com sua dignidade. Enfim, não foi por inocência minha ou por acaso. Não. Vamos à história?

Gabriel é um amigão meu cujo eu conheci na primeira série do ensino fundamental I e este se tornou meu melhor amigo que sempre andava comigo no intervalo. Eramos dois nerds. Veja bem, nerd naquela época era maluco que gostava de RPG de mesa, que jogava Star Wars Jedi Academy, que tinha medo de Coragem, O Cão Covarde, que lia Dragão Brasil, vá lá que não era necessário ter todos os requisitos, bastava ter a maioria dos assuntos nerds em comum. Enfim, eu e ele sempre nos encontrávamos no intervalo e na sala, já que eramos da mesma sala. Dã.

O cara que eu briguei era um outro amigo do Gabriel, eu não lembro bem do nome dele então vou chamá-lo de FDP. Mentira, o nome dele era Lucas, mas qual o pior? Eu só sei dizer que ele era três séries à frente de mim, o que implica dizer que ele cursava oitava séria, nono ano. Eu topei com ele nesse dia na entrada do colégio, nunca fui muito de falar com ele nem nada, mas sempre o cumprimentava e ele o mesmo, entretanto neste dia em questão o maluco passou e esnobou. Eu fiquei na minha, fazer o quê? É sabido que eu nunca na vida gostei daquele paspalho, ele nunca falava nada interessante e só porque ele tinha jogos achava que manjava de tudo aquilo. Ah, esses newbies, sempre arrumam confusão.

Aulas vão, Aulas vem, deu a hora do intervalo e eu já estava com sangue nos olhos pra ir tirar onda com a cara do doido. Eu já sou sarcástico de novinho, tenha inveja, House! Fui lá perto do portão da entrada e lá estava ele conversando com o Gabriel, fui lá e fiquei encostado encarando o cara. Nessa época, quem era manjador das putarias sempre encarava antes pra mostrar que era predador ou que apenas estava cogitando chamá-lo para o tapa. Cheguei de mansinho tentando entrar na conversa e ele me olhando de lado fingindo que era o Vegeta, só faltou me chamar de verme. Foi bom pra aumentar meu desejo de fazer o mal, o que era pior ainda estava por vir.

Como todo frio assassino, eu deixei que ele ficasse à vontade, para que ele se sentisse confiante. Gente confiante sempre subestima os outros e fica mais propenso a deslises. Tem que ser malandro, mano. Fui comprar meu lanche porque macho não faz nada de barriga vazia e parti pro pátio, coincidentemente ele lá estava, como se fosse tudo predestinado, aproximei e vi aquele tênis novinho, branco, da Nike, então como vocês já sabem, regras são regras.

E esse tênis novo aí!?
Disse sem o menor pudor e consegui atrair todos os olhares ou uma boa quantidade para o evento que estava prestes a acontecer. O danado se levantou com a coragem de dez esquilos famintos, encheu os pulmões e se dirigiu até mim perguntando o que eu iria fazer. Ficou cara a cara comigo e lógico que eu falei que iria pisar se não estivesse ficado tonto com aquele bafo de escroto de cachorro. Falei isso enquanto cravava feroz meu pé esquerdo a três centímetros de distância do calçado novo do nosso querido Lucas. Véi, na boa, eu pensei que ia demorar mais um pouquinho, mas o grandão deu um empurrão desgraçado na minha caixa torácica quando eu não esperava. Eu sempre fui alto, mas ele, até por ser mais velho, era mais alto que eu e tinha uma cabeça absurdamente desproporcional a Terra, dava pra fazer alusão com sirius.

Antes de voltar ao assunto vou deixar uma música aqui que se existisse na época seria o que estaria passando na minha cabeça na hora. Então vou deixar aqui pra vocês entrarem na vibe.

Project 64 - Violência Gratúita

Onde eu estava? Sim, no homicídio. Não?! É mesmo, isso é de outra história. Corta essa na edição, jeo. Ok. O retardado me empurrou forte, mas forte mesmo, eu só pude rodar meu braço direito até desenvolver tanta energia cinética capaz de fazer a cabeça dele tangenciar numa continuidade do movimento do meu braço. Isso não aconteceu, lógico, eu não estou escrevendo isso na prisão. Vou contar em palavras simples.

Depois do empurrão eu sussurrei para o colégio inteiro ouvir algo como "TÁ FUDIDO, SEU FILHO DA PUTA" e corri pro abraço. Primeiro com a mão aberta, fiz carinho na sua orelha, mas ele não gostou. Tanto é que imediatamente ficou tonto e quase caiu enquanto cambaleava para o lado. Estranho. Depois ele correu e me abraçou, pobre amador, fez isso e eu massageei sua coluna vertebral até se transformarem em duas colunas e meio quilo de pó. Não sei o que ele quis fazer, só sei que ele não gostou de ter feito. Nessa altura do campeonato a galera do aparta já tava dando uma de jesuíta e vindo nos separar, eu fui obrigado a parar de socar por aproximadamente um minuto. A galera ficava puxando mas só o Lucas queria continuar, quando no meio daqueles puxões e gritaria eu o perdi de vista.

Quase entrei em pânico, como ele ainda tá vivo e eu não sei onde ele tá? Empurrei os caras que estavam me levando embora arrastado e corri pro meio de uma galera e vi aquela cabeça de tiranossauro entre elas eu disse algo como "HEY, SEU VIADO, VENHA AQUI" e corri pra lá quando vi que ele notou minha voz de matador. Mano, tinha um complô ali, esconderam o cara. Esconderam mesmo, tinha tanta gente ali que eu não consegui achar o sujeito, mas a geografia do crânio dele facilitou para meu sapato de número 40 encontrasse a barriga dele e minha mão encaminhasse o seu ombro a parede mais próxima.

Já estava cansado quando deparo com aquela lagartixa de cabeça feia agachada em posição fetal, um futuro mongol. Nessa instante lembro de ter fechado a mão direita e desviar todo meu peso e força para ela no intuito de transferir através dela todo o ódio de Satanás para o cabelinho do meu amigo. Foi uma porrada tão segura que eu só retomei a consciência quando já estava com um monte de desconhecido me elogiando na porta da quadra indo pra sala. Havia terminado o tempo de intervalo e os cinco minutos de euforia.

Quando eu cheguei na sala minhas mãos latejavam muito, pulsavam como aquelas luzes de boates. Era aula do professor Joca de matemática, o maior, mais durão e mais rígido professor do colégio. Fiquei meio preocupado porque não conseguia escrever nada, mal podia segurar o lápis. Mas ele não percebeu, aliás, achei estranho que nenhum supervisor tenha tido noção do acontecimento do dia. Mais estranho ainda foi quando estava indo pra casa e percebi que minha primeira briga de colégio foi um total sucesso, não levei um golpe razoável sequer e ainda humilhei o bastardo tanto fisicamente quanto moral e emocionalmente. Perfeito. Fiz o mal e não me arrependo. (NUNCA) FAÇAM ISSO!

Nenhum comentário:

Postar um comentário